sábado, 4 de dezembro de 2010

Sobre a nostalgia (ou algo teoricamente rude como)



Tenho cambaleado por entre os corredores do meu apartamento de forma que minhas mãos sempre se arrastam nas brancas paredes existentes ao longo deste. É teoricamente uma forma de absorver dali todas as lembranças que um dia pensei em esquecer. Efeito da nostalgia. Há um quarto, entretanto, que permanece trancado diante de mim e eu ainda não consigo entender se, metaforicamente falando, isso é algum tipo de pesaroso aviso dizendo "afaste-se dessas lembranças, elas não valem a pena".

PROTESTO! Minhas lembranças são tão minhas quanto as paredes marcadas da minha casa e a ligação disso com a forma como vivo cada dia é assustadoramente forte. Agora, me diga o que posso fazer sozinha com lembranças que na realidade são apenas dores abandonadas que deram lugar para outras mais recentes (mais importantes?). A qualidade de cada dor, lembrança, bichinho de pelúcia, passeio pelo parque e filme de madrugada não deveria ser avaliada de forma tão frígida assim; nem cronologicamente.

Sinto que mesmo sem perceber me foragi para um antro de lembranças infantis, amadoras, amáveis e amantes. Me foragi para dentro de um passado não tão distante que, no final de todo esse processo meticuloso de analizar as lembranças, não me servirá de nada. Já dizia Lucas: "O PASSADO É INSIGNIFICANTE". A forma veemente como discordo é assustadora até mesmo pra mim.

"É muito difícil medir o tamanho do nosso pulo antes de encontrar a poça d’água. E a gente, não importa o tamanho da galocha, acaba sempre fugindo desses obstáculos, por medo de quê? De molhar a barra da calça? Mas por que é que nós, ao mesmo tempo em que fugimos do que não nos fere, acabamos nos jogando, despidos de qualquer armadura, aos leões? A resposta muda de tempos em tempos na minha cabeça. O que penso hoje e aqui escrevo é que, por mais que a gente negue, a gente tem umas poucas certezas. A gente TEM QUE TER essas certezas. Poucas e importantes certezas."

Eu tenho as minhas, e você?
Se eu tiver medo do meu passado, quem dirá do futuro desconhecido?

"A dor no peito daqueles que tiveram medo é infinitamente maior que a dor de quem tentou e caiu."

Memórias não somem assim.
Enfim...

Escreverei mais; um dia.

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